Leituras na Praça

A partir do dia 15, acontece a I Feira do Livro Infantil de Fortaleza. Oficinas, shows e contação de histórias terão por palco a Praça do Ferreira

A partir da próxima quarta-feira, crianças (muitas) e livros (idem) pedirão permissão para rasurar a rotina típica da praça conhecida como o Coração de Fortaleza. Mochilas serão largadas nos bancos, sapatos minúsculos correrão em torno da Coluna da Hora e olhos arregalados hão de reparar os estandes coloridos de livros, fincados em frente ao Cine São Luís. Esse é o cenário esperado pelos organizadores da I Feira do Livro Infantil de Fortaleza, que acontece entre os dias 15 e 18 de setembro.

Promovida pela Editora Casa da Prosa, em parceria com a Prefeitura Municipal de Fortaleza, a feira tem por objetivo democratizar e estimular o acesso ao livro e à leitura, aproximando crianças, jovens e educadores dos títulos literários e de seus produtores. Desde o ano passado, o escritor Almir Mota, editor da Casa da Prosa, vem desenvolvendo o projeto. Ele espera receber em torno de cinco mil pessoas por dia. "Estamos otimistas quanto ao alcance da feira, até porque fizemos de tudo para facilitar o acesso do público aos livros e ao universo infanto-juvenil, inclusive a escolha do local primou por isso", explica Almir. "Só de professores inscritos em oficinas e palestras aguardamos cerca de mil pessoas. Cidades do Interior estão organizando caravanas de educadores para vir às formações", revela Júlia Barros, Coordenadora de Formação e de Atendimento a Escolas.

Para garantir o acesso do público aos produtos, a contrapartida acordada para as editoras participantes foi a oferta de livros com até 30% de desconto. Segundo Júlia, algumas empresas, inclusive, já sinalizaram que darão mais do que isso. "Queremos que todos saiam da feira levando, pelo menos, dois ou três livros pra casa", comenta a coordenadora.

Atrações

A programação cultural que complementa a presença dos estandes segue até o dia 18. Serão oferecidas diariamente seis oficinas para crianças e educadores, além de palestras com escritores, lançamentos, contação de histórias e apresentações artísticas. Na quinta-feira, a artista Bia Bedran abre o evento com o espetáculo "Cabeças-de-vento", em que utiliza adereços e bonecos como complemento à música, uma homenagem bem humorada a todos os produtores da cultura infanto-juvenil, os verdadeiros "cabeças de vento", segundo Bia. No encerramento, a banda cearense Dona Zefinha leva o palco seu espetáculo infantil chamado "Os Bufões".

Também o Centro Cultural Banco do Nordeste se integra à feira, promovendo oito atividades gratuitas: quatro contações de histórias, com artistas mineiros, pernambucanos e cariocas; duas oficinas, uma palestra e uma entrevista aberta ao público com o escritor e ilustrador Ricardo Azevedo, autor de mais de cem livros do gênero infanto-juvenil.

Mercado e autoria

"Tivemos uma preocupação em oferecer uma programação cultural e pedagógica, mas não perdemos o foco no mercado. Nossa intenção é também fortalecer as médias e pequenas editoras, principalmente as nordestinas", ressalta Jamila Karini, Coordenadora Executiva. Para tanto, a organização optou por não cobrar a locação dos espaços, o que reduziu os custos para as trinta editoras participantes. Os descontos em livros, grande atrativo da feira, deverão ser oferecidos inclusive nos lançamentos.

Parte dessa proposta de articulação do mercado fica ainda a cargo dos lançamentos de títulos de diversos autores nacionais, congregando-os durante a feira e oportunizando a troca de experiências. Tércia Montenegro, Rouxinol do Rinaré, Klévisson Viana e Ana Miranda são alguns dos nomes que representarão os autores cearenses.

A premiada escritora Ana Miranda lança na feira o livro infantil "Carta do Tesouro", com textos e ilustrações da autora. Motivada pela vivência com os netos e em homenagem aos 50 anos da Declaração dos Direitos da Criança, nesse título Ana Miranda elabora acerca dos direitos e dos deveres das crianças. Sobre o tema, a autora fará palestra para professores e pais na manhã da quinta-feira, dia 16. "Qualquer movimento em torno do livro e da leitura no Ceará é louvável, principalmente quando voltados para as crianças", destaca Ana.

Mayara de Araújo

Especial para o Caderno 3 (Diário do Nordeste)