terça-feira, 29 de março de 2016

Paixão, meu bem-querer


Enfim, depois de dois meses de preparação, com oficinas básicas de interpretação e expressão corporal, ensaios que vararam a madrugada, cansaço, sono e superação na carência de materiais, eis que a Paixão de Cristo estreou e encantou a todos que a viram em Crateús.

Houve falhas? Claro, numa produção tão grande uma ou outra coisa termina por fugir ao controle, ainda mais quando é um evento inteiramente feito ao vivo, sem os subterfúgios da gravação. Mas nada que sequer ameaçasse manchar o brilho das interpretações de todos os atores e atrizes envolvidos na peça. Foram atuações de encher os olhos!

Marcos Smith (Anás), Rogério Aguiar (Caifás), Paulo Ricardo (Simão), Evan Teixeira (Jesus), Alex Saraiva (Pilatos), Jamilla Elias (Claudia), Mirélio Silva (Herodes), Sabrina (Verônica), Janiele (Madalena), Adriana Calaça (Maria), Elias (Arimateia), Reney (aleijado), Marcos Daniel (Simão de Cirineu), Liz Mourão (adúltera), todos os Apóstolos, os Soldados todos, os Anjos-crianças, o Povo – gente, vocês fizeram um trabalho excepcional, de entrega e compromisso em todos os momentos. Estão de parabéns!

Carpideiras, meus amores – Socorro Malveira, Ana Célia, Joana Castro, Hyeda –, vocês são maravilhosas e indispensáveis. Não consigo pensar na Paixão se vocês não estiverem envolvidas. São os pilares que sustentam e dão vida às imagens criadas em cena. Fenomenais!

O que dizer de cada um dos integrantes da produção, do pessoal de apoio, daqueles que se propuseram em ir dar uma mão mesmo que apenas no dia das apresentações: o que apareceu pra fazer uma maquiagem, aquele que se dispôs a erguer a cruz de Jesus, aquela que veio para fotografar, a que fez os figurinos de última hora, enfim, os amigos, os amigos dos amigos, todos?! Sem vocês tudo seria apenas um desejo no papel. Obrigado é pouco.

Elias, meu querido amigo, sempre pronto a dar vida àquilo que imagino. Carlos Henrique, menino do meu coração, para quem nada é muito difícil. Karla, luz da minha vida, eu – quando eu não estou por perto. Nem a Paixão nem tudo o que fizemos nestes últimos 10 anos, no mínimo, seria possível sem vocês.

A SABI agradece de coração o apoio da Prefeitura Municipal de Crateús / Secretaria de Cultura e da Secretaria da Cultura do Estado, através do Edital Ceará da Paixão.

Amigos, vocês são o sal da terra, o tempero que empresta sabor a vida e as coisas da vida. Que bom que seguimos juntos.

Lourival Veras
Presidente da SABI






terça-feira, 14 de outubro de 2014

Teatro Crateuense: uma trajetória de luta e arte


Elias de França
Dramaturgo e poeta

A melhor vista de si de um povo é enxergar-se através das lentes da história.

O feixe de luz exalado neste livro é multifacetado: veste as tantas máscaras da cena teatral brasileira, desde aquelas herdadas dos áureos invasores, e das máscaras trazidas com os “trazidos” em negreiras naus, e das máscaras dos “tirados” – arrancados com raiz e tudo – de seus modos, em seu próprio chão. Até que, em anos já setentões, a cena se descortinasse menina em terras além: Crateús - no oeste do Ceará, fim-de-mundo, talvez, mas poente e renasceste de tantos sóis.

As linhas aqui folheadas destoam do que costumamos ver na maioria dos livros de história: os que falam mais dos poderosos, dos “vencedores”, dos famosos. Autora e contadores foram ou são vozes esparsas num ruidoso contexto, onde tudo que mais ecoa ou é a realidade dura das massas, ou a falsificação do real que se quer massificado. Como numa infringência ao óbvio, a autora acende uma luz sobre ações de uns poucos, que quase passaram desapercebidas aos olhos das multidões, que se mantiveram reclusas num rincão de mundo qualquer, mas que assim rememoradas revelam fidedignamente os traços e inquietações de um país, em seu tempo. Noutro dizer, ao contar a história das artes cênicas de Crateús, a autora insere a cidade na geografia nacional, constitui sujeitos históricos e sistematiza conhecimento acumulado disponível a quem dele quiser fazer uso.

Se “a arte existe para que a realidade não nos destrua” (Friedrich Nietzsche); se “a arte tem sido, é e será sempre necessária” (Ernst Fischer); se, ainda, nos dias presentes, o mundo nos parece mais um imenso mercado, onde se tem oferta abundante de tudo, inclusive de cultura pronta, e agarramo-nos a arte como fonte de sentidos sublimes em alternativa a uma forma de vida social contaminada pelo ideário do consumo; enfim, se é necessária a arte, o é também o teatro, em Crateús, como no Brasil inteiro, como em qualquer lugar, e quanto mais, melhor. Sendo o teatro conteúdo importante, tamanha relevância tem o seu registro histórico para sua apropriação presente e póstera. A leitura de “Teatro crateuense: uma trajetória de luta e arte” é oportuníssima como pesquisa e subsídio ao fazer social amplo e plural.

domingo, 29 de junho de 2014

O nosso tatu-bola


Serra das Almas, Crateús. Um tatu-bola corre pela mata, foge dos caçadores. Para se defender, se recurva todo até formar uma bola, vira uma armadura perfeita. Se o predador fosse um animal, ele estaria seguro. Nem uma onça consegue abrir a carapaça. Mas o caçador é bicho-homem e só precisa se abaixar para pegar a bolinha de casco duro, verdadeiro cofre. Um homem forte não consegue abrir a armadura, mas basta um pouco de paciência, o bichinho se abre, e acabou-se o segredo. Até uma criança é capaz de caçar um tatu-bola. A carne é saborosa, cozida ou frita na manteiga, os ossos servem de ferramentas, a carapaça é enfeite, troféu e cuia, ou brinquedo de menino. Também o tatu-bola padece das queimadas, da devastação das matas, e assim esse fascinante animal vai desaparecendo.

Ele existe há uns sessenta milhões de anos e é o único sobrevivente dos animais com armaduras móveis. Vive nas Américas, nas terras áridas, savanas, florestas de arbustos espinhosos, no cerrado e na caatinga. É nosso. Uma gracinha de bicho, a carapaça é fabulosa, por dentro as patinhas ficam entre cabelos lisos quase brancos. É solitário, mamífero, come insetos, formigas, cupins, vegetais, raízes, come até areia, e possui hábitos noturnos.

Tem simbolizado as Américas desde uma gravura do século 16, feita por um pintor holandês, em que uma índia guerreira aparece montando um gigantesco tatu - que existe, mesmo, é o tatu-açu. Desde então é visto em gravuras, tapeçarias, desenhos, feitos pelos conquistadores. Há uma famosa descrição do tatu-apara feita pelo naturalista alemão, Marcgraf, no século 17, em que notamos uma espécie de afeto por parte do observador. Deve ter se encantado com o maquinário tão engenhoso dessa natureza. E ele conta que o tatu-apara tinha também propriedades medicinais: o pó da cartilagem e os ossinhos da cauda serviam para as doenças do amor, para zunido nos ouvidos, para a surdez; o pó da cauda era diurético; o pó da cartilagem cozido servia, em forma de massa, para extrair espinhos da nossa pele. Minha vizinha alemã me convidou para um jantar em sua casa, e na ocasião me deu um livro que ela mesma editou: Futebol com tatu-bola. Ela fez ali uma encantadora pesquisa sobre o bicho de estimação sertanejo. Para introduzir informações sobre futebol.

Todos sabemos, esse animal, com um destino quase irônico, dramático, e um comportamento cheio de significados – tantas vezes nos armamos, nos fechamos em armaduras, mas continuamos vulneráveis – foi escolhido como mascote dos jogos do Mundial de futebol, este ano de 2014, com o nome de Fuleco, misto de futebol e ecologia. Parece mesmo o que acontece nos jogos: treinam suas armações, suas defesas, mas estão sempre vulneráveis. A proposta da mascote partiu da Associação Caatinga, que aproveitou muito bem a oportunidade para lutar pela sobrevivência desse animalzinho, tão conhecido dos brasileiros, das crianças, mas não do mundo. Tomara que dê certo.

Ser mascote de algo tão internacional como um campeonato de futebol é uma oportunidade ímpar. Quem se lembra das mascotes das Copas passadas? Desde os anos sessenta a Copa tem uma mascote. Está no livro da vizinha alemã: um leão com a bandeira inglesa; Juanito, um menino com sombreiro; dois meninos germânicos, Tip e Tap; o Gauchito, personagem dos Pampas; uma laranja vestida com a camisa da seleção da Espanha; uma pimenta com bigode e o mesmo sombreiro; o bonequinho Ciao; um cachorro, o animal fiel e universal; um galo, que anuncia cantando a chegada da manhã; umas criaturas futuristas e imaginárias; um leão com uma bola falante; e Zakumi, um leopardo amarelo com cabelo verde. Nada tão fascinante, tão adequado, quanto um tatu-bola. Não nos faltam motivos e símbolos. Nossa mascote poderia ter sido o renomado papagaio, a belíssima e colorida arara, até mesmo uma árvore espinhosa como o pau-brasil, que nos deu o belo nome ao nosso país, ou a ave tão canora e sedutora, o sabiá. Mas nada seria tão perfeito como um animal que se transforma numa bola. Ideia genial, como o ovo de Colombo.

Responda quem souber: Por que, até agora, nem um centavo apareceu para a preservação do tatu-bola ou da Caatinga? Não houve nenhum discurso ambiental, não se fala no risco de extinção do bicho, e “muitos nem sabem que o Fuleco é um tatu”, diz Rodrigo Castro, que dirige a Associação Caatinga. “A Fifa autoriza empresas a vender produtos com Fuleco, inclusive um milhão de pelúcias [fabricadas na China], mas nenhuma parte desse dinheiro vai para a proteção da espécie”.

ANA MIRANDA
dom@opovo.com.br
(Fonte: http://www.opovo.com.br/app/colunas/anamiranda/2014/06/28/noticiasanamiranda,3274081/o-nosso-tatu-bola.shtml)

quinta-feira, 29 de maio de 2014

I Concurso "No Clima da Caatinga" de Desenho e Poesia


Com o objetivo de incentivar o conhecimento, a reflexão, a criatividade e a produção de trabalhos voltados para Educação Ambiental entre os alunos das escolas do ensino público do Município de Crateús e Buriti dos Montes, a Associação Caatinga lança o "I Concurso 'No Clima da Caatinga' de Desenho e Poesia" para as escolas públicas contextualizando o Bioma Caatinga e sua Biodiversidade.

Esta ação é realizada em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente.

Programação:

26/05 á 02/06
Inscrição para o I Concurso de Desenho e Poesia para as escolas Públicas. 

03/06
Manhã
Horário: 08h00
Práticas e vivências de Educação Ambiental na escola.
Identificação das espécies nativas e Plantio de mudas – Plantando Vidas - Arborização escolar - Escola de Cidadania de Ibiapaba – Comunidade de Ibiapaba.

Tarde
Horário: 14h00
Avaliação dos trabalhos escolares - I CONCURSO “NO CLIMA DA CAATINGA” DE DESENHO E POESIA.
TEMA: O BIOMA CAATINGA E SUA BIODIVERSIDADE.
Comissão Julgadora: Associação Caatinga, Secretaria de Educação, Secretaria de Meio Ambiente, Sociedade Amigos da Biblioteca Norberto Ferreira Filho - SABI, Gestor Escolar.

04/06
Manhã
Horário: 08h00
Práticas e vivências de Educação Ambiental na escola.
Identificação das espécies nativas e Plantio de mudas – Plantando Vidas 
Escola Francisco Alcântara Barros – Comunidade de Montenebo.

Tarde
Horário: 14h00
Avaliação dos trabalhos escolares - I CONCURSO “NO CLIMA DA CAATINGA” DE DESENHO E POESIA.
TEMA: O BIOMA CAATINGA E SUA BIODIVERSIDADE.
Comissão Julgadora: Associação Caatinga, Secretaria de Educação, Secretaria de Meio Ambiente, Sociedade Amigos da Biblioteca Norberto Ferreira Filho - SABI, Gestor Escolar.

05/06
Divulgação do resultado do I Concurso de desenhos e Poesia.
Site; www.acaatinga.org.br e Facebook da Associação Caatinga 

06/06
Solenidade de Entrega e Premiação das escolas. 
Horário: 09h00 
Local de entrega: Auditório do Conselho Regional de Contabilidade – CRC.
Endereço: Rua Antonio Catunda, nº 583 – Centro.