quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Gilberto Gil une o mundo


O cantor, pensador, filósofo e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil será protagonista do documentário Connecting south, the new world (Conectando o sul, o novo mundo), um filme totalmente dedicado a ele que começa a ser rodado no carnaval em Salvador, pelos cinegrafistas Pierre-Yves Borgeaud e Emmanuel Gétaz — um suíço, outro francês — com produção brasileira de Daniel Rodriguez. No filme, Gil viajará pela conexão política-geográfica que começa a unir ainda fragilmente países e povos do eixo sul do planeta, expondo, discutindo e refletindo as experiências existenciais, musicais, poéticas, políticas e filosóficas com gente da mesma raiz sulista.

Depois de Salvador, o filho de Gandhi, autor de Babá alapalá, visitará terreiros de candomblé e afoxés carnavalescos, irá à África do Sul, onde tem encontros marcados com artistas e pensadores locais, entre os quais o bispo Desmond Tutu. De lá, seguirá para a Austrália, onde se encontrará com poetas como Roberta Sykes e Peter Garrets, além de líderes e cantores aborígines australianos. Os aborígines australianos descendem, provavelmente, de emigrantes africanos que, há cerca de 50 mil anos, cruzaram o mar, usando canoas e toscas embarcações. Nessa época, a Austrália era ligada à Nova Guiné e era muito mais verde e menos desértica do que hoje.

A volta de Gil ao Brasil será pelo alto Amazonas, onde visitará tribos ianomâmis e de outras etnias localizadas nas imediações da cidade de São Gabriel da Cachoeira, próxima a fronteira com a Venezuela. Com os indígenas da Amazônia, Gil participará de encontros no mais distante Ponto de Cultura, a maloca Casa do Conhecimento. Uma antena parabólica será levada até a região de Itacotiara-Mirim, onde ele deverá fazer um show com transmissão via laptop para as principais cidades do mundo.

O cineasta suíço Pierre-Yves, hoje com 46 anos, lembra bem quando ouviu Gilberto Gil cantar no Festival de Montreux, na Suíça, a canção Baba alapalá com os versos: “O filho perguntou pro pai/ Onde é que está tataravô/ Tataravô, bisavô, avô/ Pai Xangô, Aganju/ Viva egum. Babá alapalá”. Agora, esses versos fazem total sentido para ele: “É fantástico como Gil fala da ancestralidade de uma forma tão simples e criativa”, declarou o cineasta. Pierre-Yves e Emmanuel Gétaz são autores do documentário Retorno de gorré sobre o cantor e compositor senegalês Youssou N’Dour, produção franco-suíça distribuída e vendida em todo o mundo.

Fonte: Correio Brasiliense

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