domingo, 12 de junho de 2011

Conta uma aí, pra eu espalhar


22 motivos pra se vingar

Outro dia ficou brabo com um sujeito que lhe deu mão de peia acachapante. Para a revolta de João Lima (não bastasse a dúzia de tabefes, levou senhora dedada). Muita humilhação, surra que contraria inclusive a Lei do Salga de 1827. Aí você pergunta: ficou por isso mesmo? Não, João promete vingança.

Foi à casa do compadre Zé Ladrão propor-lhe a compra de um revólver calibre 22. Cem contos. Não tinha, mas arrumou financiadores. Berro já com algum tempo de fabricação e outro de desuso. As balas, sempre requentadas à luz forte do abajur, careciam de exercício ‘espocativo’.

Mas, caras assaz para serem disparadas a esmo. Se tivesse de treinar, que fosse no próprio elemento que lhe surrou. E se o cão atentar, ele lascar o tiro e a arma der chabu - bater o catolé? João Lima resolveu experimentar o 22, atirando num frango de capote do quintal de casa.

Apontou no espinhaço e disparou. A bala acertou a pequena ave, que em resposta ao balaço dá um pulo, grita piu (como se nada tivesse acontecido) e continua a ciscar. João vai reclamar-se ao vendedor da arma. Explica que largou bala num pinto de capote, que soltou um piu (como se nada tivesse acontecido) e continuou ciscando. Zé Ladrão respondeu devidamente:

- E tu tá pensando o que, João? Isso dói, macho!

Tarcísio Matos
Colunista O Povo

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