segunda-feira, 25 de julho de 2011

O sertão se faz em versos

Foto: Cid Barbosa

Pequenas flores que se abrem em sorrisos azuis-arroxeados, muitas vezes, em tons violetas, esverdeados ou vermelhos-púrpuras, conforme os ângulos de incidência de luz, as Jitiranas são plantas que afloram sob as primeiras carícias das chuvas no sertão. A simplicidade e a beleza delicada desta planta viram metáfora para o poeta Dideus Sales expressar, ao longo de 27 poemas sua admiração pelo interior cearense.

Com o curioso nome de "Jitiranas de Luz", Sales batiza seu 12º livro. A nova coleção de poemas será lançada amanhã, às 19h30, no Centro Cultural Oboé. A obra, cujos poemas haviam sidos publicados primeiramente na revista "Gente de Ação", editada por ele mesmo, fala de gestos, situações, sentimentos, prazeres e dissabores do cotidiano.

Cada poema é acompanhado por uma ilustração produzida pelo artista plástico cearense Audifax Rios. Ele e o poeta são amigos há mais de 20 anos e a parceria já rendeu aos dois diversos projetos.

Poesia

Dideus Sales começou cedo à carreira no mundo da métrica, ainda, na rádio Educadora de Crateús, sua cidade natal. O poeta apresentava um programa de fim de tarde, no qual recitava poemas, apresentava cantorias e realizava contação de causos. Ali permaneceu por dez anos, partindo em seguida para as rádios Príncipe Imperial, de Crateús; Difusora dos Inhamuns; em Tauá, Itataia; em Santa Quitéria e Canoa FM, em Aracati. Nesta cidade, ele vive há 15 anos, ao lado da esposa, Bel, e dos filhos, Matheus e Vitória.

Além do trabalho como radialista, o despertar para a poesia veio da convivência com importantes nomes da cultura nordestina, como o repentista Geraldo Amâncio e o poeta Patativa do Assaré. Sales revela que a amizade com Patativa foi fundamental para o amadurecimento poético e o gosto pelo gênero popular. "Em 1980, fui á casa de Patativa, mostrei meus versos e ele gostou. Ficamos amigos. Lembro que o acompanhei em algumas viagens por cidades do interior do Ceará. Patativa era uma pessoa muito generosa e simples", diz.

"Jitiranas de Luz" dá sequência ao trabalho realizado por Dideus Sales, a partir de versos laborados por alguém que guarda dentro de si o lirismo e a sabedoria do povo sertanejo. O poeta discursa a própria vida, despontando-se como o intérprete das muitas linguagens e facetas que assomam o sertão, onde personagens saltam em meio aos seus sonhares, anseios e esperanças. O livro apresenta ao leitor poemas de caráter social a exemplo de "O mugido do boi", sobre o sofrimento do sertanejo diante dos rigores da estiagem; e o introspectivo "Cada minuto que morre". Nas palavras do pesquisador Gilmar de Carvalho: "Dideus continua a cantar seu canto, a encantar seus leitores com suas rimas, com sua viola imaginária, cruzando o arco da rabeca, falando dos temas eternos, como o amor, a morte e a terra castigada pelo sol".

O poeta cearense Dideus Sales lança na terça-feira, no Centro Cultural Oboé, seu 12º livro. "Jitiranas de Luz" reúne uma série de poemas inspirados nas belezas e encantos do sertão nordestino.

Poema 
Jitiranas de Luz
Dideus Sales

Lançamento amanhã, às 19h30, no Centro Cultural Oboé (Rua Maria Tomásia, 531 - Aldeota). Contatos: (85) 3264.7038

ANA CECÍLIA SOARES
REPÓRTER DN

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