segunda-feira, 12 de março de 2012

Quando o excesso de cuidado começa a virar besteira

Aleijadinho

Aleijadinho, bife à Camões e dicionários 

Por Deonísio da Silva em 06/03/2012 na edição 684 

Polaco, cigano, judeu, japonês, nego, negão, negona, baiano, caboclo, índio etc. São inumeráveis as referências pejorativas às etnias e às nacionalidades. Às vezes, o nome é composto: alemão-batata, alemão-chucrute; polaco-cabeça-de-vaca. Outras vezes, dizemos que um programa ruim é um “programa de índio”. Quando alguém se atrapalha num serviço, principalmente em São Paulo, é chamado de baiano. No Rio Grande do Sul, baiano é quem monta mal no cavalo. E quem dirige mal ou executa com deficiências uma tarefa é barbeiro. Ofendemos os que nos fazem barba, cabelo e bigode com isso? Ou ofendemos os antigos médicos que praticavam a medicina em domínio conexo com barbas e cabelos nas barbearias, fazendo sangrias? 

Na semana passada, Caetano Veloso, entre outros, escreveu sobre o pedido de proibição (ou reeditoração, na edição eletrônica) do verbete “cigano” no dicionário Houaiss, um dos mais consultados do país. Foi triste, pelo menos, o recuo da editora que o publica. Mas deve ter seus motivos para fazer o que fez. Seus lexicógrafos fizeram pouco mais do que recolher aqueles significados dentre os muitos outros que circulam livremente na fala e na escrita. Onde está o erro deles? 

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