terça-feira, 5 de junho de 2012

Secult pode passar por novo momento de fragilidade

Possível afastamento de Francisco Pinheiro do cargo de secretário de Cultura do Ceará gera expectativa no setor

Gestores, artistas e outros profissionais ligados à cultura foram pegos de surpresa, ontem, com a notícia da possibilidade de, ainda nesta semana, o secretário de Cultura do Ceará, professor Francisco Pinheiro, colocar o cargo à disposição. A decisão seria consequência de um pedido do governador Cid Gomes para que alguns secretários se descompatibilizassem (afastar-se das atividades), com vistas às disputas eleitorais deste ano.

Segundo a Secretaria da Cultura do Ceará (Secult), apesar da notícia veiculada, o órgão ainda não dispõe de uma posição oficial sobre o assunto. Procurado pelo Caderno 3, Pinheiro afirmou, por meio de sua assessoria, que irá se pronunciar até quarta-feira (6) sobre o caso. No domingo, o secretário participou do Encontro Municipal do PT Fortaleza, que definiu o candidato a prefeito e os candidatos a vereador do partido. A princípio, segundo informações veiculadas, Pinheiro não teria intenção de disputar nenhum novo cargo.

Caso confirmado, o afastamento do professor da Secult não será o primeiro. O primeiro aconteceu antes mesmo de sua posse na pasta, no dia 2 de fevereiro de 2011, quando se licenciou do cargo para assumir como suplente de deputado na Assembleia Legislativa - Pinheiro havia sido eleito como deputado, mas seu nome foi retirado após alterações da Justiça Eleitoral; assumiu como suplente para que a vaga da coligação PSB, PT e PRB na AL não fosse perdida, enquanto o caso era julgado nas instâncias competentes.

Em janeiro de 2011, Pinheiro chegou a atuar como secretário, após nomeado pelo governador. Ao se licenciar, deixou em seu lugar a secretária adjunta da Secult, Maninha Morais. Retornou no início de junho daquele ano, após quatro meses afastado, tempo em que projetos e decisões da Secretaria ficaram suspensos - entre elas a nomeação dos novos gestores dos equipamentos culturais do Estado, uma das medidas mais importantes para o setor.

Agora, a Secult enfrenta novamente dúvidas quanto ao andamento de sua gestão. Caso confirmada a saída de Pinheiro, quem assume o cargo? Em quanto tempo? Como ficam os projetos em andamento? E qual impacto desse vai-e-vem na administração da pasta e no desenvolvimento de ações e políticas públicas para a cultura no Ceará? "Não dá para consolidar uma gestão com essas mudanças constantes na secretaria, que é uma pasta importante mas fica enfraquecida. A questão eleitoral acaba ficando como prioridade", critica o artista e crítico de dança Joubert Arrais.

Dúvidas

De fato, a especulação sobre a saída de Pinheiro já gerou consequências - pelo menos para uma das entidades do setor, o Fórum de Dança do Ceará, cujos membros tinham uma reunião marcada amanhã com o secretário. "Agora já não sabemos, uma funcionária ficou de me retornar e dar uma posição", contou a presidente da Associação de Bailarinos, Coreógrafos e Professores de Dança do Ceará (Prodança), Graça Martins, também membro fundadora do Fórum.

Até o fechamento desta edição, Martins ainda não tinha obtido resposta da Secult. Segundo a presidente, a entidade reivindicava a reunião desde janeiro deste ano, com o objetivo de tratar algumas questões e demandas da dança no Estado.

"Caso Pinheiro saia, a situação fica bem complicada, é um impacto grande, até por não ser a primeira vez. Ele já esteve afastado antes, e muitos projetos não andavam porque dependiam de sua decisão. Agora, caso outra pessoa assuma a pasta, via pegar o bonde andando. A Secult não está em um momento bom", observa Martins.

ADRIANA MARTINS
REPÓRTER DN

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