terça-feira, 26 de outubro de 2010

Terra Deu Terra Come atrai 3 mil pessoas em 15 dias de exibições nos Cines Mais Cultura

A previsão é que o documentário de Rodrigo Siqueira possa ser visto por mais de 20 mil pessoas.


O documentário “Terra Deu Terra Come”, de Rodrigo Siqueira, atraiu oficialmente quase três mil pessoas nos primeiros 15 dias de exibição. A estréia nacional na rede de cineclubes aconteceu no dia 1° de outubro. Este público foi contabilizado em 47 dos 821 Cines Mais Cultura espalhados por todo o país.

O maior número de espectadores veio da região Sul: foram 1057 pessoas em 14 cineclubes (seis do Rio Grande do Sul, seis de Santa Catarina e dois do Paraná). Os cines do Sudeste contabilizaram 973, os do Nordeste 698, do Norte 124, e do Centro Oeste 70. Individualmente, o maior público é do Cineclube de Guaraquebaça (PR), que realizou quatro sessões e atraiu 388 pessoas.

Tanto o diretor do filme, Rodrigo Siqueira, como o coordenador de Rede do Cine Mais Cultura, Rodrigo Bouillet, consideram um sucesso a parceria inédita entre a produtora 7 Estrelo e o Ministério da Cultura. Essa foi a primeira vez que um filme nacional estreou simultaneamente no circuito comercial e em cineclubes de todo o país.

Os números podem crescer ainda mais. De acordo com Bouillet, muitos cines ainda vão realizar as sessões nos meses de outubro e novembro. “Além disso, boa parte dos cineclubes que não acompanharam a estreia nacional fará a exibição na Semana da Consciência Negra”, explicou Bouillet. “Terra Deu Terra Come” aborda aspectos da cultura afro-brasileira, daí a razão da escolha desta celebração, que acontece em novembro próximo, para que se realize novas sessões do longa.

Parceria de sucesso – O coordenador de Rede do Cine Mais Cultura lembra que, segundo dados da Agência Nacional do Cinema (Ancine), 183 documentários foram produzidos no país entre 1995 e 2009, mas somente 30 conseguiram atrair mais de 20 mil espectadores.

“Destes 30, apenas 14 conseguiram atingir mais de 50 mil pessoas. Só nos primeiros 14 relatórios de ‘Terra Deu, Terra Come’, foi apontada a mobilização de 978 pessoas. Se continuar com esta média, com uma única exibição em 300 cineclubes, vamos facilmente ultrapassar a marca de 20 mil espectadores”, disse.

Para Bouillet, valorizar a rede cineclubista é de grande interesse para os cineastas brasileiros, em especial para os documentaristas. “Este gênero sofre com o circuito comercial de salas comprometidas com o cinema estrangeiro de ficção. Por isso que os documentaristas foram os primeiros a notar que é preciso fortalecer a rede de cineclubes. Entenderam que é onde se valoriza mais as obras por causa da prática do debate após as sessões, e é um caminho onde se pode obter mais facilmente maior resultado de público”.

Para ser visto – Junto com os números de público, os relatórios dos cineclubes também trazem diversos depoimentos feitos pelas pessoas presentes e pelos coordenadores das unidades dos Cines Mais Cultura.

“Para quem mora no interior tudo chega depois, ter a possibilidade de estrear um filme é maravilhoso. A qualidade da produção do documentário é indiscutível, exibir um filme bem produzido é sempre bom e fortifica cada vez mais nossas ações”, disse Karla Gomes, do Cineclube Poty (Crateus/CE).

Para Maria Michele Paz, do Cineclube Alta Floresta (Alta Floresta/MT), participar de lançamentos foi importantíssimo para manter o público atualizado em relação a produção do cinema nacional. Já Célia Pereira, do Cineclube ArtEstação (Rio Grande/RS), elogiou Rodrigo Siqueira por “compartilhar a obra com o povo brasileiro”. “O filme [Terra Deu Terra Come] chegou, desviou-se dessa engrenagem puramente comercial e realmente atingiu o público. Chegou para que veio, isto é, para ser visto”, opinou.

“Estou sinceramente emocionado”, contou Rodrigo Siqueira ao receber os primeiros depoimentos. “Vocês não fazem ideia do que isso representa para um realizador, do que isso representa para mim, particularmente. Sei que no caminho ficarão algumas lacunas, mas, no fim, tenho certeza de que acertamos mais do que erramos”, celebra ao ver que sua obra está acessível, gratuitamente, a milhares de expectadores, especialmente em locais que não contam com salas comerciais de cinema.

Texto: Djenane Arraes - SAI/MinC

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