quarta-feira, 11 de maio de 2011

Criticada, Ana de Hollanda deixa Assembleia sob escolta

Foto: JF Diorio
Com as mãos no rosto, ministra deixa Assembleia

Ao sair de audiência, ministra da Cultura pede ajuda da PM para evitar perguntas sobre crise de sua gestão

André Mascarenhas e Vera Rosa / Estadão

No olho de um furacão político e administrativo que pode custar-lhe o cargo, a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, usou nesta terça-feira, 10, o auxílio da PM paulista para evitar a imprensa após audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo. Na saída do encontro, que reuniu representantes de entidades culturais, produtores e membros da classe artística, houve um princípio de tumulto e um repórter foi agredido por policiais e membros do cerimonial da Casa.

A confusão aconteceu no momento em que Ana deixava a audiência, no início da noite. A assessoria da ministra informou ter pedido ao cerimonial da Assembleia que deixasse o caminho livre entre o auditório Paulo Kobayashi e o carro oficial, em uma das saídas do Palácio Nove de Julho. A alegação era de a ministra estava atrasada para o voo de volta à Brasília. Policiais foram chamados para formar um cordão de isolamento de modo que o contato de Ana com os repórteres fosse reduzido. No caminho, houve empurra-empurra, e a ministra não respondeu a nenhuma pergunta.

Ana é alvo de críticas desde que assumiu a pasta. Os ataques partem quase sempre de setores que consideram as mudanças propostas pela ministra um retrocesso em relação às políticas adotadas pelo ex-ocupante da pasta pelo PV Juca Ferreira. A situação ficou mais delicada com a revelação, pelo Estado, de que a ministra recebeu diárias por dias não trabalhados no Rio.

Ao chegar à Assembleia, por volta das 14h, Ana conversou rapidamente com os jornalistas e confirmou que irá devolver parte dos valores das diárias, mas negou que tenha ocorrido qualquer irregularidade no pagamento. "Quero deixar claro que grande parte desses dias eu estava em compromissos informais com gente da cultura", afirmou. "Pela nota da CGU, não tem nada de ilegal. Foi só uma recomendação", completou. Ela confirmou que irá devolver o dinheiro.

Na audiência pública de ontem não foi diferente. Embora líderes do PT tenham procurado mostrar unidade no apoio à ministra, não faltaram críticas às políticas do ministério para direitos autorais, patrimônio histórico e o contingenciamento de verbas para projetos. Na avaliação de deputados petistas ligados à cultura, as críticas partem principalmente de ativistas da cultura digital, que foram importantes para a eleição da presidente Dilma Rousseff.

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