terça-feira, 4 de setembro de 2012

OS DESAFIOS DO CINEMA BRASILEIRO PARA SE CHEGAR AO PÚBLICO


O público brasileiro quer filmes brasileiros?
 
“O público adora o cinema brasileiro quando o filme é adequado. A prova é que os filmes nacionais, quando caem no agrado do público, são os que têm a menor queda percentual semana a semana. Mas grande parte da produção nacional é composta de filmes sem compromisso com o mercado, e pra esse tipo de filme, não há público”, afirma Bruno Wainer, presidente da distribuidora Downtown Filmes, especializada em filmes nacionais. Fernando Meirelles concorda com Wainer: “Há filmes que simplesmente não interessam a ninguém, isso acontece em todos os lugares. Temos sempre que tentar imaginar se as nossas histórias interessam a alguém e a quanta gente. Com isso, podemos pensar se o investimento a ser feito faz sentido ou não. Foi justamente por achar que o volume de público interessado não justificaria o investimento tão alto a ser feito em ‘Grande Sertão: Veredas’, que desisti do projeto, mesmo não conseguindo pensar em história mais bonita já escrita no Brasil”, explica.
 
Bruno Wainer, da distribuidora Downtown: "Candidatos à blockbusters têm um custo de lançamento entre R$ 3,5 milhões e R$ 5 milhões."
 
O produtor Augusto Casé, da Casé Filmes, tem conseguido chegar ao grande público. Nos últimos dois anos, lançou três filmes – “Muita Calma nessa Hora”, “Cilada.com” e “E Aí… Comeu?” –, com bilheteria média de 2,2 milhões espectadores. “Acho que tem que se apostar na qualidade da história a ser contada, não importa o gênero; o importante é saber qual filme você vai fazer antes de começar a realizá-lo – a especialização deve estar baseada em filmes de qualidade técnica e artística, histórias bem contadas e bem feitas”, comenta. Tendo como chamariz a comédia, feita com Bruno Mazzeo, Casé ainda lança em breve, fora desse escopo, um infantil, um documentário e um thriller.
 
O que se nota, porém, é que os principais responsáveis por bilheterias nos últimos anos são aqueles com um pé na televisão, sejam nas adaptações, sejam nas apropriações de linguagem. “Vejo com bons olhos a relação entre as duas mídias. Acredito que são plataformas complementares, não tem conflito”, aponta Casé. Isso é visto especialmente nos filmes com apoio promocional da Globo Filmes. Dos últimos grandes sucessos, apenas “Tropa de Elite” e “Bruna Surfistinha” não contaram com o apoio do conglomerado.

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